Criptorquidia: o que é, como diagnosticar e quando tratar?

A criptorquidia — também chamada de testículo não descido — é uma das alterações urológicas mais comuns na infância. Embora seja conhecida principalmente como um problema pediátrico, seus impactos podem persistir na vida adulta, afetando fertilidade, risco de torção testicular e até predisposição ao câncer de testículo, caso não seja tratada corretamente.

 

O que é criptorquidia?

A criptorquidia é definida como a não descida completa do testículo até a bolsa escrotal, permanecendo ao longo do trajeto normal (canal inguinal) ou fora dele (abdome).

Testículo não palpável — pode estar intra-abdominal, atrófico ou ausente.

  1. Testículo inguinal palpável — a forma mais comum.
  2. Testículo ectópico — localizado fora do trajeto normal de descida.
  3. Testículo retrátil — presente no escroto, mas capaz de subir devido a reflexo cremastérico intenso; não é considerado criptorquidia verdadeira, mas requer acompanhamento.

A maior parte dos recém-nascidos prematuros apresenta testículos não descidos ao nascer, mas muitos completam a descida até os 6 meses. Após 6 meses de idade, a chance de descida espontânea é mínima, e uma avaliação urológica formal deve ser realizada.

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado em exame físico cuidadoso em ambiente aquecido, com a criança relaxada.

Exames de imagem, como a ultrassonografia, apesar de não ser obrigatório, em alguns casos ajudam no diagnóstico.

Testículos não palpáveis devem levantar a possibilidade de ausência, testículo atrófico ou localização intra-abdominal.

Quando há dúvida, a exploração cirúrgica ou laparoscópica é o padrão ouro para localização.

 

Quando operar?

O tratamento padrão da criptorquidia é cirúrgico, por meio da orquidopexia — técnica que posiciona o testículo de forma permanente dentro da bolsa escrotal.

O momento ideal:

Idade recomendada para cirurgia

  • Entre 6 e 12 meses de idade.
  • No máximo até 18 meses, para evitar perdas irreversíveis da função testicular.
  • Atrasos aumentam risco de infertilidade no futuro.

Testículo não palpável

  • Abordagem preferencial: exploração laparoscópica, que permite confirmar presença, posição e viabilidade.
  • A laparoscopia também identifica testículos intra-abdominais e possibilita correção direta.

Testículo atrófico

  • A orquiectomia (retirada do testículo) é indicada quando o testículo é claramente não funcional, especialmente em crianças maiores ou adolescentes.

 

E quando o testículo está ausente?

A confirmação geralmente ocorre durante exploração cirúrgica em casos de testículo não palpável.

Nos casos de ausência de um lado:

  • A fertilidade normalmente é preservada com o testículo remanescente.
  • Pode-se considerar prótese testicular por motivos estéticos ou psicossociais, geralmente na puberdade.

 

Importância da avaliação médica

A criptorquidia não é apenas um problema estético — ela tem implicações importantes a médio e longo prazo.

O urologista deve avaliar:

  • Localização do testículo;
  • Potencial de descida espontânea (apenas antes dos 6 meses);
  • Risco de atrofia;
  • Necessidade de cirurgia;
  • Presença de outras malformações urogenitais;
  • Acompanhamento do crescimento e função testicular.

O diagnóstico e tratamento corretos na primeira infância têm impacto direto na fertilidade futura e saúde reprodutiva.

Crianças com testículo ausente, retrátil ou não descido devem ser avaliadas prontamente por um urologista para definição da melhor conduta.

 

 

EAU Guidelines on Paediatric Urology – 2025 (European Association of Urology).

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